HEBDOMADÁRIO ANO 1- Nº 03

20/03/2014 21:03

Reflexão: Água, você ainda vai sentir a falta que ela faz

 

Entenda o problema da falta de chuva.

 

As Origens do problema

Quando, em 1554, os padres jesuítas fundaram o Colégio de São Paulo no planalto de Piratininga estavam interessados em atrair os povos nativos para submetê-los a catequização. O local escolhido estava relacionado com essa estratégia missionária, afinal ali era a boca de entrada pro sertão interior, lugar de transito dos povos que iam e vinham do litoral para o sertão.

No século XIX,  preocupados com as doenças e epidemias que em ondas se espalhavam pela província paulista e eram associadas ao clima quente  do território, os ricos e poderosos barões de café escolheram justamente a Vila de São Paulo até então um povoado tranquilo e inóspito, para construir suas mansões.  O ambiente úmido e a temperatura amena proporcionados pela localização a setecentos metros do nível do mar, no entendimento deles , era uma garantia de salubridade. Nessa época, a velha vila não passava ainda de um lugar de trânsito, um vale estreito, pobre de recursos e sujeito a alagamentos.

Mal sabiam eles, os jesuítas do século XVI e os cafeicultores do século XIX, que aquele povoado cresceria e se transformaria numa metrópole, a maior da América Latina, no século XX. Portanto não dá pra colocar a culpa neles por terem escolhido uma localidade tão pobre em recursos hídrico. Acompanhe a evolução do Problema.

 

 

Inicio do Século XX

A população da cidade de São Paulo era de 239 mil habitantes

1903

São Paulo enfrenta a primeira crise de abastecimento por conta de estiagem prolongada

1908

A Cia Light and Power constrói a barragem do rio Guarapiranga, afluente do Pinheiros

1914

Epidemia de febre tifoide se espalha pela região as margens do já poluído rio Tietê, tem inicio a busca de captações distantes

1925

Tem inicio o processo de tratamento da àgua com a adição obrigatória de cloro

1927

Inicio das obras de reversão do fluxo do rio Pinheiros para formar a represa Bilings, fornecedora do fluxo d´água para as mover as turbinas da Usina Henry Borden

1928

Nova crise de abastecimento , como solução a represa Guarapiranga passa a abastecer a cidade

1929

A cidade sofre a primeira grande inundação causada pelos transbordamento dos rios Pinheiros e Tietê

1934

No início da Era Vargas o governo federal normatiza o uso dos mananciais e nesse ano decreta o Código das Águas da prioridade a geração de eletricidade.

1942

Concluído o projeto de reversão das águas do rio Pinheiros

1951

Criação do  DAEE Departamento de Águas e Energia Elétrica.

1952

Criação do Conselho Estadual de Controle de Poluição das Águas do Estado de São Paulo.

Teve inicio nesse mesmo ano a construção das primeiras estações de tratamento de esgoto em São Paulo

1954

Quarto Centenário da cidade de São Paulo

1958

Terceira grande crise de abastecimento resulto inicio da captação de água da Billings para suprir as necessidades

Década de 1960

Ocorrem as obras de aterramento das áreas de várzea do rio Tietê e de construção das pistas marinais.

1967

Inicio das obras de construção do sistema Cantareira

1968

Criação de uma empresa de economia mista, a COMASP Cia Metropolitana de Água de São Paulo com função de captar tratar e vender água para os municípios da Grande São Paulo.

Nesse mesmo ano é criado o CETESB. Centro Tecnológico de Saneamento Básico

1973

Criação do PLANASA Plano Nacional de Saneamento e com isso surge o projeto do que se constituiria na  SABESP

1974

Inicio da primeira etapa do sistema Cantareira

1980

Criação da ELETROPAULO Cia de Eletricidade de São Paulo, encerrada a concessão da Light

1982

Construção da Barragem Anchieta para proteger da  poluição as águas da Billings

1989

A Constituição paulista prioriza a exploração dos recursos hídricos para o abastecimento da população

!992

Fica restrita a situações de enchentes  a reversão do fluxo de água do rio Pinheiros para abastecer a Billings que sofre com a poluição causada por essa operação.

Inicio da primeira Etapa de despoluição do rio Tietê

2000

Retomada a reversão do fluxo de água do rio Pinheiros para a Billings

2003

Os reservatórios do sistema Cantareira atingem nível crítico por conta de estiagem prolongada, o risco de abastecimento chega a 50%

 

A Crise Hoje

 

São Paulo, 22 mar (EFE).- São Paulo vive atualmente a pior crise hídrica de sua história já que o conjunto de açudes que abastece a cidade, entre outras, está com seu nível de água abaixo de 15% da capacidade, segundo os últimos dados do governo regional.

O chamado Sistema Cantareira, que reúne seis açudes conectados por túneis e canais, tem capacidade para cerca de um trilhão de litros e é a fonte de água que a companhia regional de saneamento distribui a 8,8 milhões de residências.

No local onde havia uma imensa reserva, hoje em dia só se vê um vale de terra, segundo constatou a Agência Efe em uma visita realizada hoje, quando é celebrado o Dia Mundial de Água.

Para fazer frente à crise e amenizar os efeitos da seca provocada pelo verão mais quente dos últimos 70 anos, o governo de São Paulo anunciou nesta semana um plano de emergência para aproveitar as águas do rio Paraíba, que é a principal fonte de abastecimento do estado do Rio de Janeiro.

O projeto, que o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, apresentou perante a presidente Dilma Rousseff, foi imediatamente criticado pelo governo do Rio de Janeiro, que também está preocupado com seu próprio abastecimento.

A atual escassez de água contrasta não só com a geografia, mas também com a própria história de São Paulo, cidade que os jesuítas portugueses fundaram para precisamente aproveitar um local com abundância de rios e cursos de água.

Um estudo que a ONG SOS Mata Atlântica realizou para lembrar o Dia Mundial de Água mostra que mais de 82% das fontes de água de São Paulo estão com a qualidade inadequada e apenas 18% com qualidade regular.

Nenhum dos rios tem uma qualidade de água considerada boa, segundo o relatório.

'A crise em São Paulo não obedece à falta de água. Estamos em uma região com certa abundância de disponibilidade hídrica. A crise é consequência em primeiro lugar da contaminação e depois da exploração insustentável e do esbanjamento', disse à Agência Efe a coordenadora da Rede de Águas da organização, Malu Ribeiro.

Segundo Ribeiro, é precisamente a abundância que gera uma mentalidade de esbanjamento e de falta de cuidado, com consequências que a população começa a sentir.

'Se São Paulo recebesse um maior investimento em saneamento, não estaria na atual crise', assegura a especialista ao lembrar que só 37,5% das águas produzidas pelo Brasil recebem algum tipo de tratamento.

Ribeiro também questiona que o país dê prioridade ao uso de água para a produção de energia ao invés do abastecimento e que alguns açudes estejam destinados a ambos usos.

'Quando se aproveita a matriz energética dos rios para gerar energia se esquece ou se descartam outros usos possíveis', assegura a militante, que cita como exemplo a represa Billings, localizada na própria região metropolitana de São Paulo.

Com uma área total de 1.560 quilômetros quadrados, apenas as áreas marginais desta represa são consideradas adequadas para o abastecimento devido a sua função energética prioritária. Uma maior captação de água para o consumo comprometeria o potencial elétrico.

A especialista assegura que a crise em Cantareira pode ser administrada e prevista, e lembra que o sistema tem um histórico de fortes secas, a mais recente em 2001.

'Se não é uma novidade para ninguém (a seca), por que não se investe em medidas que possam compensar ou minimizar esses eventos extremos para que não haja situações de crise?', questiona a especialista. EFE

Extraído do MSN Notícias Matéria do dia 22/03/2014

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