HEBDOMADÁRIO ANO 1- Nº 04

31/03/2014 18:13

Reflexão: Todo dia era dia de índio

“Índias” era a denominação dada pelos europeus do século XV às regiões mais distantes da Europa cristã. Naquele Velho Mundo, lugar longínquo só mesmo no Oriente.

Em 1492, acreditando ter chegado ao Extremo Oriente, Cristóvão Colombo chamou de índios os povos que manteve os primeiros contatos quando chegou no Novo Mundo, o nome grudou como chiclete que esses povos já mascavam nessa época. Assim, índios ou povos indígenas ficou sendo a denominação dada aos povos nativos da América.

Mas somente no dia 19 de Abril de 1940 em Patzcuaro, no México reuniram-se no 1º Congresso Indigenista Interamericano os representantes das comunidades indígenas de toda América. E atendendo a recomendação desse Congresso, o presidente Getúlio Vargas através de um decreto datado de junho de 1943 instituiu o dia 19 de Abril como dia do índio.

A Questão Indígena

Historiadores afirmam que antes da chegada dos europeus à América havia aproximadamente 100 milhões de índios no continente. Só em território brasileiro, esse número chegava 5 milhões de nativos, aproximadamente. Estes índios brasileiros estavam divididos em tribos, de acordo com o tronco linguístico ao qual pertenciam:

Ø  tupi-guaranis (região do litoral),

Ø  macro-jê ou tapuias (região do Planalto Central),

Ø  aruaques (Amazônia) e caraíbas (Amazônia).

Atualmente, calcula-se que apenas 400 mil índios ocupam o território brasileiro, principalmente em reservas indígenas demarcadas e protegidas pelo governo. São cerca de 200 etnias indígenas e 170 línguas. Porém, muitas delas não vivem mais como antes da chegada dos portugueses. O contato com o homem branco fez com que muitas tribos perdessem sua identidade cultural.

O primeiro contato entre índios e portugueses em 1500 foi de muita estranheza para ambas as partes. As duas culturas eram muito diferentes e pertenciam a mundos completamente distintos. Sabemos muito sobre os índios que viviam naquela época, graças a Carta de Pero Vaz de Caminha (escrivão da expedição de Pedro Álvares Cabral ) e também aos documentos deixados pelos padres jesuítas.

Os indígenas que habitavam o Brasil em 1500 viviam da caça, da pesca e da agricultura de milho, amendoim, feijão, abóbora, bata-doce e principalmente mandioca. Esta agricultura era praticada de forma bem rudimentar, pois utilizavam a técnica da coivara (derrubada de mata e queimada para limpar o solo para o plantio).

Os índios domesticavam animais de pequeno porte como, por exemplo, porco do mato e capivara. Não conheciam o cavalo, o boi e a galinha. Na Carta de Caminha é relatado que os índios se espantaram ao entrar em contato pela primeira vez com uma galinha.

As tribos indígenas possuíam uma relação baseada em regras sociais, políticas e religiosas. O contato entre as tribos acontecia em momentos de guerras, casamentos, cerimônias de enterro e também no momento de estabelecer alianças contra um inimigo comum.

Os índios faziam objetos utilizando as matérias-primas da natureza. Vale lembrar que índio respeita muito o meio ambiente, retirando dele somente o necessário para a sua sobrevivência. De madeira, construíam canoas, arcos e flechas e suas habitações (oca). A palha era utilizada para fazer cestos, esteiras, redes e outros objetos. A cerâmica também era muito utilizada para fazer potes, panelas e utensílios domésticos em geral. Penas e peles de animais serviam para fazer roupas ou enfeites para as cerimônias das tribos. O urucum era muito usado para fazer pinturas no corpo.

Como dissemos, os primeiros contatos foram de estranheza e de certa admiração e respeito. Caminha relata a troca de sinais, presentes e informações. Quando os portugueses começam a explorar o pau-brasil das matas, começam a escravizar muitos indígenas ou a utilizar o escambo. Davam espelhos, apitos, colares e chocalhos para os indígenas em troca de seu trabalho. Esse contato foi muito prejudicial aos povos indígenas.

Interessados no território, os portugueses usaram a violência contra os índios. Para tomar as terras, chegavam a matar os nativos ou até mesmo transmitir doenças a eles para dizimar tribos inteiras. Esse comportamento violento seguiu-se por séculos, resultando no pequeno número de índios que temos hoje.

A visão que o europeu tinha a respeito dos índios era eurocêntrica. Os portugueses achavam-se superiores aos indígenas e, portanto, deveriam dominá-los e colocá-los ao seu serviço. A cultura indígena era considera pelo europeu como sendo inferior e grosseira. Dentro desta visão, os portugueses acreditavam que sua função era convertê-los ao cristianismo e fazer os índios seguirem a cultura europeia. Foi assim, que aos poucos, os índios foram perdendo sua cultura e também sua identidade.

Por tudo isso, os grupos nativos que ainda existem no Brasil correspondem a uma parcela bem reduzida da população original. De acordo com dados do Censo 2010 (IBGE), o Brasil possuía, em 2010, 896.917 indígenas. Este número correspondia a 0,47% da população do Brasil Entre as principais etnias indígenas brasileiras na atualidade e população estimada  é de:

Ø  Ticuna (35.000),

Ø  Guarani (30.000),

Ø  Caiagangue (25.000),

Ø  Macuxi (20.000),

Ø  Terena (16.000),

Ø  Guajajara (14.000),

Ø  Xavante (12.000),

Ø  Ianomâmi (12.000),

Ø  Pataxó (9.700),

Ø  Potiguara (7.700).

Fonte: Funai (Fundação Nacional do Índio).

.