HEBDOMADÁRIO ANO 1- Nº 03
Reflexão: Água, você ainda vai sentir a falta que ela faz |
Entenda o problema da falta de chuva.
As Origens do problema
Quando, em 1554, os padres jesuítas fundaram o Colégio de São Paulo no planalto de Piratininga estavam interessados em atrair os povos nativos para submetê-los a catequização. O local escolhido estava relacionado com essa estratégia missionária, afinal ali era a boca de entrada pro sertão interior, lugar de transito dos povos que iam e vinham do litoral para o sertão.
No século XIX, preocupados com as doenças e epidemias que em ondas se espalhavam pela província paulista e eram associadas ao clima quente do território, os ricos e poderosos barões de café escolheram justamente a Vila de São Paulo até então um povoado tranquilo e inóspito, para construir suas mansões. O ambiente úmido e a temperatura amena proporcionados pela localização a setecentos metros do nível do mar, no entendimento deles , era uma garantia de salubridade. Nessa época, a velha vila não passava ainda de um lugar de trânsito, um vale estreito, pobre de recursos e sujeito a alagamentos.
Mal sabiam eles, os jesuítas do século XVI e os cafeicultores do século XIX, que aquele povoado cresceria e se transformaria numa metrópole, a maior da América Latina, no século XX. Portanto não dá pra colocar a culpa neles por terem escolhido uma localidade tão pobre em recursos hídrico. Acompanhe a evolução do Problema.
Inicio do Século XX |
A população da cidade de São Paulo era de 239 mil habitantes |
1903 |
São Paulo enfrenta a primeira crise de abastecimento por conta de estiagem prolongada |
1908 |
A Cia Light and Power constrói a barragem do rio Guarapiranga, afluente do Pinheiros |
1914 |
Epidemia de febre tifoide se espalha pela região as margens do já poluído rio Tietê, tem inicio a busca de captações distantes |
1925 |
Tem inicio o processo de tratamento da àgua com a adição obrigatória de cloro |
1927 |
Inicio das obras de reversão do fluxo do rio Pinheiros para formar a represa Bilings, fornecedora do fluxo d´água para as mover as turbinas da Usina Henry Borden |
1928 |
Nova crise de abastecimento , como solução a represa Guarapiranga passa a abastecer a cidade |
1929 |
A cidade sofre a primeira grande inundação causada pelos transbordamento dos rios Pinheiros e Tietê |
1934 |
No início da Era Vargas o governo federal normatiza o uso dos mananciais e nesse ano decreta o Código das Águas da prioridade a geração de eletricidade. |
1942 |
Concluído o projeto de reversão das águas do rio Pinheiros |
1951 |
Criação do DAEE Departamento de Águas e Energia Elétrica. |
1952 |
Criação do Conselho Estadual de Controle de Poluição das Águas do Estado de São Paulo. Teve inicio nesse mesmo ano a construção das primeiras estações de tratamento de esgoto em São Paulo |
1954 |
Quarto Centenário da cidade de São Paulo |
1958 |
Terceira grande crise de abastecimento resulto inicio da captação de água da Billings para suprir as necessidades |
Década de 1960 |
Ocorrem as obras de aterramento das áreas de várzea do rio Tietê e de construção das pistas marinais. |
1967 |
Inicio das obras de construção do sistema Cantareira |
1968 |
Criação de uma empresa de economia mista, a COMASP Cia Metropolitana de Água de São Paulo com função de captar tratar e vender água para os municípios da Grande São Paulo. Nesse mesmo ano é criado o CETESB. Centro Tecnológico de Saneamento Básico |
1973 |
Criação do PLANASA Plano Nacional de Saneamento e com isso surge o projeto do que se constituiria na SABESP |
1974 |
Inicio da primeira etapa do sistema Cantareira |
1980 |
Criação da ELETROPAULO Cia de Eletricidade de São Paulo, encerrada a concessão da Light |
1982 |
Construção da Barragem Anchieta para proteger da poluição as águas da Billings |
1989 |
A Constituição paulista prioriza a exploração dos recursos hídricos para o abastecimento da população |
!992 |
Fica restrita a situações de enchentes a reversão do fluxo de água do rio Pinheiros para abastecer a Billings que sofre com a poluição causada por essa operação. Inicio da primeira Etapa de despoluição do rio Tietê |
2000 |
Retomada a reversão do fluxo de água do rio Pinheiros para a Billings |
2003 |
Os reservatórios do sistema Cantareira atingem nível crítico por conta de estiagem prolongada, o risco de abastecimento chega a 50% |
A Crise Hoje
São Paulo, 22 mar (EFE).- São Paulo vive atualmente a pior crise hídrica de sua história já que o conjunto de açudes que abastece a cidade, entre outras, está com seu nível de água abaixo de 15% da capacidade, segundo os últimos dados do governo regional. O chamado Sistema Cantareira, que reúne seis açudes conectados por túneis e canais, tem capacidade para cerca de um trilhão de litros e é a fonte de água que a companhia regional de saneamento distribui a 8,8 milhões de residências. No local onde havia uma imensa reserva, hoje em dia só se vê um vale de terra, segundo constatou a Agência Efe em uma visita realizada hoje, quando é celebrado o Dia Mundial de Água. Para fazer frente à crise e amenizar os efeitos da seca provocada pelo verão mais quente dos últimos 70 anos, o governo de São Paulo anunciou nesta semana um plano de emergência para aproveitar as águas do rio Paraíba, que é a principal fonte de abastecimento do estado do Rio de Janeiro. O projeto, que o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, apresentou perante a presidente Dilma Rousseff, foi imediatamente criticado pelo governo do Rio de Janeiro, que também está preocupado com seu próprio abastecimento. A atual escassez de água contrasta não só com a geografia, mas também com a própria história de São Paulo, cidade que os jesuítas portugueses fundaram para precisamente aproveitar um local com abundância de rios e cursos de água. Um estudo que a ONG SOS Mata Atlântica realizou para lembrar o Dia Mundial de Água mostra que mais de 82% das fontes de água de São Paulo estão com a qualidade inadequada e apenas 18% com qualidade regular. Nenhum dos rios tem uma qualidade de água considerada boa, segundo o relatório. 'A crise em São Paulo não obedece à falta de água. Estamos em uma região com certa abundância de disponibilidade hídrica. A crise é consequência em primeiro lugar da contaminação e depois da exploração insustentável e do esbanjamento', disse à Agência Efe a coordenadora da Rede de Águas da organização, Malu Ribeiro. Segundo Ribeiro, é precisamente a abundância que gera uma mentalidade de esbanjamento e de falta de cuidado, com consequências que a população começa a sentir. 'Se São Paulo recebesse um maior investimento em saneamento, não estaria na atual crise', assegura a especialista ao lembrar que só 37,5% das águas produzidas pelo Brasil recebem algum tipo de tratamento. Ribeiro também questiona que o país dê prioridade ao uso de água para a produção de energia ao invés do abastecimento e que alguns açudes estejam destinados a ambos usos. 'Quando se aproveita a matriz energética dos rios para gerar energia se esquece ou se descartam outros usos possíveis', assegura a militante, que cita como exemplo a represa Billings, localizada na própria região metropolitana de São Paulo. Com uma área total de 1.560 quilômetros quadrados, apenas as áreas marginais desta represa são consideradas adequadas para o abastecimento devido a sua função energética prioritária. Uma maior captação de água para o consumo comprometeria o potencial elétrico. A especialista assegura que a crise em Cantareira pode ser administrada e prevista, e lembra que o sistema tem um histórico de fortes secas, a mais recente em 2001. 'Se não é uma novidade para ninguém (a seca), por que não se investe em medidas que possam compensar ou minimizar esses eventos extremos para que não haja situações de crise?', questiona a especialista. EFE Extraído do MSN Notícias Matéria do dia 22/03/2014 Copyright (c) Agencia EFE, S.A. 2010, todos os direitos reservados |